Professora da Uniube cria método para ensinar estatística com uso de canudos | Acontece na Uniube

Professora da Uniube cria método para ensinar estatística com uso de canudos

10 de março de 20
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Nas avaliações presenciais e individuais, os alunos demonstraram aprendizado e compromisso com os estudos




Ensinar estatística de forma eficaz e menos teórica sempre foi um desafio para a professora universitária Fabíola Eugênio Arrabaça Moraes. Como despertar o interesse e facilitar a aprendizagem dos alunos diante de tantos números e cálculos? Foi a partir desse questionamento, feito em todo início de semestre, que ela teve uma ideia: lecionar estatística por meio do desenvolvimento da atividade em equipe. “A comunicação e a aprendizagem, a partir das ações com o outro, podem minimizar as dificuldades encontradas no ensino e na aprendizagem em sala de aula”, diz.


Mais do que uma atividade em equipe, a ideia da professora foi também um projeto de responsabilidade ambiental e social. “A metodologia utilizada foi o corte de canudos plásticos com 70,5 centímetros de comprimento. O tamanho desses cortes foi pré-determinado em 11 centímetros cada peça. Desde o início desses cortes até a separação dessas peças, vários conceitos de Estatística foram abordados conforme o conteúdo programático proposto para os cursos de graduação em Engenharias e Sistemas de Informação. Após toda a aplicação e o desenvolvimento desses conceitos, os canudos foram reutilizados para a construção de porta-lápis, que foram doados para 128 crianças do Centro Espírita João Urzedo em Uberaba”, explica.


Além disso, Fabíola propôs outras ações com o uso de materiais utilizados para o porta- lápis. “As tampas foram utilizadas para a construção de jogos de memória e ábaco. Os alunos se envolveram tanto que novas ações foram surgindo. Um aluno da Engenharia de Produção com habilidades em trabalhos manuais com madeira propôs a construção do ábaco utilizando a madeira por ser um material mais duradouro. Além disso, construiu 2 peças de Torre de Hanói, tabuleiros de jogos de damas e tabuleiros de madeira para que as equipes construíssem os caça-palavras”, conta.


Entre essas atividades, as equipes realizaram pesquisa em artigos científicos sobre os impactos dos canudos plásticos na natureza. “Há muito tempo vinha pensando e trabalhando formas de aplicar os conceitos da Estatística em sala de aula. O componente é teórico e precisei pensar em algo para ser trabalhado em sala de aula, na prática, sem riscos e perigo para os meus alunos”, comenta.


Fabíola é formada em Matemática e mestre em Estatística. Atualmente, é docente nos cursos de Engenharias e Sistemas de Informação da Universidade de Uberaba (Uniube) nas modalidades presencial e a distância. Para ela, o sentimento é de dever cumprido. “Vivenciar semana a semana a permanência de alunos que nunca conseguiram permanecer e concluir o componente com boas notas e participação plena nas atividades foi gratificante e prazeroso. Nas avaliações presenciais e individuais demonstraram aprendizado e compromisso com os estudos”, diz orgulhosa.




Qual é o nome do projeto?


Reciclando o saber: a arte de aprender estatística por meio do desenvolvimento de atividades em equipe, na graduação e em instituições de atendimento social.




Qual é a proposta desse projeto?


Diante das dificuldades inerentes ao ensino e à aprendizagem da Estatística, a proposta foi a de propiciar aos alunos, nesse componente, a construção do conhecimento, por meio do desenvolvimento de atividades em equipe, na graduação e em instituições de atendimento social. Acredito que essa nova metodologia é mais prazerosa, dinâmica e eficaz, pois a comunicação e a aprendizagem, a partir das ações com o outro, minimizaram as dificuldades encontradas em sala de aula no processo ensino-aprendizagem da Estatística.




Como foi que surgiu a ideia de desenvolvê-lo?


A ideia surgiu pelo incômodo que sempre tive: os alunos não conseguirem aprender Estatística de forma eficaz, sem “tortura”. Acredito que a aprendizagem acontece quando se tem prazer no que se está aprendendo, quando se desperta o interesse. É preciso que se vislumbre um objetivo e um significado. E os alunos, geralmente, não vislumbram a importância da Estatística tanto na vida profissional quanto na vida pessoal.


Além disso, creio que todo estudante (e mais ainda o graduando) precisa entender o papel dele na sociedade. Afinal, está a um passo de receber uma certificação muito importante para a carreira. É preciso plantar essa sementinha nessas mentes brilhantes desde o início. Se não ocorreu, penso que a minha parte eu devo fazer, sempre. Sou responsável por esse ser humano durante o tempo que está sob os meus cuidados educacionais e tenho uma parcela de responsabilidade sobre como esse profissional será integrado ao mercado de trabalho e à sociedade após o término da graduação.




Em que momento percebeu que o projeto desenvolvido não seria apenas mais uma simples tarefa da disciplina?


No momento que senti o engajamento dos alunos trabalhando em equipes. Nos relatos, ao final de cada aula, ou pelos corredores da universidade, ouvia sempre: “Nossa, professora, a aula está mais dinâmica!” “Professora, prefiro aprender desta forma! Você mudou o jeito de ensinar!”, entre outros.




Alunos de quais cursos participaram? Ao todo, quantos?


Participaram 139 alunos dos cursos de Engenharia Ambiental, Engenharia Civil, Engenharia de Computação, Engenharia Elétrica, Engenharia Química, Engenharia de Produção e de Sistemas de Informação, além de 128 crianças, com idade entre 02 anos e 18 anos, do Centro Espírita João Urzedo.




De que maneira o projeto contribui para o aprendizado dos alunos?


Segundo a legislação brasileira (Resolução11/2002, da Câmara de Educação Superior), a formação do(a) engenheiro(a) tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício de várias competências e habilidades gerais.


Entre essas, o projeto abarcou: aplicar conhecimentos matemáticos e estatísticos, científicos, tecnológicos e instrumentais em engenharia; projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados; conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos; planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de engenharia; identificar, formular e resolver problemas de engenharia; desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas; supervisionar a operação e a manutenção de sistemas; avaliar criticamente a operação e a manutenção de sistemas; comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica; atuar em equipes multidisciplinares; compreender e aplicar a ética e responsabilidade profissional; avaliar o impacto das atividades da engenharia no contexto social e ambiental; avaliar a viabilidade econômica de projetos de engenharia; assumir a postura de permanente busca de atualização profissional.




Os alunos se envolveram com a ideia do projeto?


Sim. Porque, a partir de atividades lúdicas e em equipe, os alunos foram se envolvendo e a aprendizagem aconteceu de maneira natural, sem “tortura”. Além do envolvimento dos alunos, percebi o envolvimento da família deles. Alguns, convidaram colegas de outros cursos da Universidade de Uberaba e de outras instituições para ajudarem nas atividades de acabamento dos materiais didáticos e, também, acompanharam-nos na entrega dos materiais confeccionados à instituição que foi contemplada. Tudo foi muito prazeroso. Eu aprendi muito com os meus alunos. Compreendi, também, que ser um professor mediador é muito mais motivador, encantador e gratificante. 




Quais são os planos para os próximos semestres?


Manter o projeto. Porque foi possível atingir 100% de aprovação, além de um detalhe importante: as notas finais ficaram bem superiores à média 6,0.