Cresce o número de mulheres matriculadas em cursos de Engenharia Civil
Quando Gleice Cristina Alves Oliveira, de 39 anos, decidiu, ainda criança, que estudaria Engenharia Civil na universidade, a presença de mulheres nos canteiros de obras era tímida. Mas a paixão pela profissão e a admiração pelo trabalho do pai — pedreiro na época — nunca fizeram distinção. Pelo contrário. “Acredito que esse interesse surgiu pelo fato de ele ser do ramo. Desde muito cedo tive contato com projetos e materiais de construção civil. Sempre achei incrível ver as etapas de uma edificação desde a limpeza do terreno até a conclusão”, conta.
Formada em Engenharia Civil pela Universidade de Uberaba (Uniube), em 2013, Gleice já atuou na construção de torres em alvenaria estrutural, execução de condomínio de casas e ampliação de estabelecimentos. Hoje, ela coordena uma equipe de engenheiros em três empreendimentos da Hindy Construtora em Uberaba. O pai, o mestre de obras, João Batista Alves, de 59 anos, trabalha ao lado da filha em um dos canteiros. Orgulho em dose dupla para a família.
“O curso de Engenharia Civil da Uniube tornou possível a realização de um sonho. Tenho orgulho em dizer que iniciei na empresa onde trabalho hoje, durante o período de estágio da universidade. Posso dizer, com certeza, que trabalho na profissão perfeita, pois não há nada mais gratificante que olhar para um projeto no papel e depois olhar para a edificação pronta. É realmente muito orgulho para um profissional. Fazemos parte da realização de sonhos e projetos”, diz.
Tijolo por tijolo, elas constroem espaço no mercado
Dados do Censo da Educação Superior levantados pelo IDados mostram que o número de mulheres matriculadas em cursos de graduação em Engenharia Civil vem crescendo todos os anos desde 2007 (20,8%). Mas essa tendência ainda não está tão consolidada no mercado de trabalho. Em 2015, as mulheres respondiam por 30,3% das matrículas em cursos de Engenharia Civil, e por 26,9% dos profissionais no mercado.
Após ter passado por dificuldades nos últimos quatro anos, a perspectiva é de que o setor da construção civil retome seu crescimento em 2018, com uma margem de 2%, apoiado na redução de imóveis e distratos nas obras de infraestrutura. Um dos fatores positivos que já demonstram uma reação do segmento é o Índice de Confiança da Construção (ICST), que chegou a 77,5 pontos em setembro do ano passado. Da mesma forma, a taxa de utilização da capacidade instalada da indústria de construção, que mensura a ociosidade no setor, chegou a 62,1%. Com relação ao PIB da construção civil em 2018, a perspectiva também é de crescimento.
O mercado da Construção Civil
Na opinião do professor Luís César de Oliveira, gestor do curso de Engenharia Civil da Universidade de Uberaba, a engenharia é um campo essencial para o desenvolvimento da sociedade. O profissional desta área pode atuar na construção urbana, estruturas e fundações, gerência de recursos prediais, hidráulica e recursos hídricos, infraestrutura e saneamento.
“O campo de trabalho para o engenheiro civil não está saturado, visto que nos Estados Unidos e no Japão, a proporção é de 25 profissionais por mil trabalhadores e, no Brasil, a proporção é de seis profissionais por mil trabalhadores. O que vemos hoje é uma relação intrinsicamente ligada com a situação econômica do país. Depois de alguns anos de retratação, após 2015, o mercado de engenharia civil começou, neste ano, com novas expectativas. A retomada, ainda que vagarosa, já é sentida e traz boas perspectivas para o setor e para tantos outros, já que a construção civil movimenta a economia, que gera renda e postos de trabalhos”, ressalta o professor.
Apesar de o mercado de trabalho ser vasto, ele diz, também é muito competitivo. Por isso, para ter mais chances, são necessários profissionais bem qualificados, que tenham ou estão desenvolvendo as competências exigidas pelo mercado. “As empresas estão constantemente buscando profissionais melhores em relação aos que já têm, especialmente em períodos de crise. Em resumo, o engenheiro civil que reunir o maior número de habilidades, além das técnicas, vai se dar bem no mercado”, afirma Luís César.
Engenharia Civil na Uniube
O curso de Engenharia Civil da Universidade de Uberaba é referência no mercado há quase 60 anos. Com duração mínima de 10 semestres (cinco anos) e máxima de 18 semestres (nove anos), o curso possui todas as disciplinas de formação específica e profissionalizante, como na área de Construção Civil, Cálculo Estrutural, Geotecnia, Saneamento, Hidráulica, Estradas e Transportes e Segurança do Trabalho.